pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Os anjos reunirão os escolhidos desde os quatro ventos

Os anjos reunirão os escolhidos desde os quatro ventos

 

O que significa a reunião dos escolhidos desde os quatro ventos, mencionada por Jesus no Sermão Escatológico? Será que isso se refere ao arrebatamento da igreja? Será que essa profecia já se cumpriu? Se essa passagem já se cumpriu, conforme os preteristas parciais acreditam, como devemos entendê-la? Em Seu sermão escatológico, Jesus disse: “E ele enviará os seus anjos, com grande clangor de trombeta, os quais reunirão os seus escolhidos, dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus” (Mateus 24.31).

Para entender essa passagem e como se deu o seu cumprimento, vamos começar refletindo sobre a palavra “anjo“. No contexto bíblico, o termo "anjo" tem origem na palavra grega γγελος (angelos), que significa "mensageiro". Essa definição é muito importante para compreendermos a aplicação desse termo ao longo das Escrituras. De modo geral, o entendimento popular das pessoas é que a palavra “anjo” sempre se refere a seres celestiais. No entanto, o sentido da palavra nem sempre é esse. Dependendo do contexto, a palavra “anjo” pode se referir a seres celestiais ou a mensageiros humanos.

Por isso, para obtermos uma correta interpretação, é essencial considerar o contexto de cada passagem para descobrir se os anjos mencionados ali são seres celestiais ou mensageiros humanos. Em várias passagens, a Bíblia utiliza a palavra “anjos” para se referir aos pregadores do evangelho. Por exemplo, em Mateus 11.10, Jesus chama João Batista de “anjo”, ou seja, o mensageiro que prepararia o caminho do Senhor: “Porque é este de quem está escrito: Eis que diante da tua face envio o meu anjo, que preparará diante de ti o teu caminho” (Mateus 11.10). Os pregadores são “mensageiros” de Deus, ou seja, eles são pessoas encarregadas de transmitir a Palavra de Deus ao mundo.

Um outro exemplo se encontra em Tiago 2.25. Nesse versículo, Tiago faz referência à prostituta Raabe de Jericó, que acolheu os espiões que foram enviados por Josué. O texto diz: “De igual modo, não foi também justificada por obras a meretriz Raabe, quando acolheu os emissários e os fez partir por outro caminho?” (Tiago 2.25). A palavra “emissários” é a tradução da mesma palavra grega γγελος (angelos). Tiago chama os espiões de "emissários" ou "anjos", mostrando com isso que eles são mensageiros humanos, e não seres celestiais. Portanto, compreender o uso contextual da palavra “anjo” é fundamental para evitarmos interpretações equivocadas da profecia bíblica.

Agora que entendemos o uso da palavra “anjo” na Bíblia, vamos entender como se deu a reunião dos escolhidos de Deus desde os quatro ventos. O povo judeu do século primeiro rejeitou a Cristo e a oferta de salvação. Eles não quiseram ser “reunidos” por Cristo. E Jesus lamentou sobre isso: “[...] Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, mas vocês não quiseram!” (Mateus 23.37b). Essa rejeição por parte dos judeus foi crucial para os eventos que viriam a seguir. Já que Jerusalém não quis ser "reunida" por Cristo, ocorreu então a destruição do Templo e da cidade santa pelas mãos dos romanos no ano 70.

Com o fim do Templo e do sistema do Antigo Pacto, uma nova realidade foi estabelecida: a Igreja de Cristo como a Nova Sinagoga de Deus. No contexto de Mateus 24, Jesus utiliza a palavra "reunir" para descrever a ação dos anjos de Deus que, nesse caso, são os mensageiros humanos, e não seres celestiais. Os mensageiros de Deus têm a missão de “reunir” os escolhidos de Deus. É interessante observar que a palavra “reunir”, no original grego, carrega o sentido de “sinagogar”. A palavra significa “reunir em um só lugar”. Jesus não está falando do arrebatamento da igreja.

O texto está dizendo que o Senhor enviará os pregadores do Evangelho por todo o mundo a fim de reunir os Seus eleitos em uma nova sinagoga. Essa noção de “sinagogar”, ou de “reunir os eleitos”, está relacionada à congregação do povo de Deus, que é a Igreja. Jesus está cumprindo a promessa de Moisés, na qual Deus promete que, mesmo que o Seu povo esteja espalhado pela terra, Ele irá reuni-lo novamente: “Ainda que os desterrados estejam nos lugares mais distantes da terra, desde aí o Senhor, seu Deus, os ajuntará e os trará de volta.” (Deuteronômio 30.4). Essa promessa se cumpre por meio do evangelismo mundial e da conversão das nações, após a destruição de Israel no ano 70.

A profecia de Jesus revela que os escolhidos de Deus serão trazidos de todas as nações, e reunidos para fazerem parte da congregação daqueles que receberam a Cristo pela fé. A reunião dos escolhidos é uma realidade que se desdobra ao longo do tempo, à medida que o Evangelho é pregado e os convertidos são discipulados conforme a Lei de Deus. Assim, a "reunião dos escolhidos de Deus" significa que os pregadores do Evangelho, através da pregação das boas-novas, convocam e ajuntam aqueles que são escolhidos por Deus, formando assim a nova sinagoga de Deus, que é a Igreja.

 

Fabrício A. de Marque



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