pub-9363386660177184 Pensando as Escrituras: Refutando a refutação de um futurista

Refutando a refutação de um futurista

 

Nesta semana, me enviaram uma aula sobre Escatologia em que o professor se propôs a refutar a abordagem preterista das profecias bíblicas. A pessoa que me enviou o vídeo, me desafiou a refutar a “irrefutável” aula contra o Preterismo. Além de ser dispensacionalista fanática, a pessoa que me enviou o vídeo é também “inimiga” do Preterismo e do Pós-Milenismo. Inclusive, perdi as contas de quantas vezes essa pessoa proferiu críticas injustas e ofensivas contra mim. Conheço essa pessoa há muitos anos, mas ameacei bloqueá-la de minhas redes sociais, caso ela continuasse com essa postura indevida. Espero que ela tenha entendido o recado.

Bem, a aula tem pouco mais de uma hora de duração. Embora o professor não tenha dito a posição escatológica que ele defende, parece-me que ele é um pré-milenista histórico. No início da aula, ele cita passagens como Mateus 24.29-31 e Apocalipse 1.7, afirmando a literalidade desses textos. Segundo ele, os verbos “aparecer” e “ver” são literais. Além disso, quando o texto diz que o Filho do Homem virá com poder e grande glória, isso indica um evento visível aos olhos, visto que “glória” aponta para um “brilho” diante dos olhos físicos.

Mais adiante, o professor explica o significado da palavra “geração” de Mateus 24 e Marcos 13. De acordo com ele, essa é a geração que vai presenciar a abominação da desolação. Portanto, não se trata da geração que estava presente em Jerusalém naqueles dias. Em acréscimo a isso, ele diz que a “Vinda de Cristo” e o “Arrebatamento” não aconteceram naquela época, como se o texto bíblico estivesse profetizando esses eventos.

Com relação ao Anticristo, o professor critica a visão preterista de Daniel 9. O Preterismo não crê que o texto bíblico esteja falando do Anticristo, mas do próprio Cristo. Ele, então, tenta mostrar que o texto se refere ao Anticristo, sim. Além disso, esse Anticristo supostamente mencionado por Daniel não apareceu no cenário da história antes do ano 70 DC. Ao invés disso, trata-se de um personagem futuro que surgirá antes do fim do mundo.

Para fundamentar essa posição, o professor cita alguns pais da igreja, como, por exemplo, Irineu (130-200), que afirmou que o Anticristo “deve vir”. Dessa forma, o professor conclui que o Anticristo ainda não veio só porque um pai da igreja afirmou que o Anticristo “deve vir”. Ele apoia a sua visão futurista citando um autor futurista, como se isso fosse prova irrefutável de que o Preterismo está errado.

Em continuidade à aula, o professor cita Mateus 16.28: Alguns há, dos que aqui estão, que não provarão a morte até que vejam vir o Filho do homem no seu reino. Ele, então, indica outro vídeo em que esse versículo é explicado sob o ponto de vista futurista. Confesso que não interrompi a aula para assistir o vídeo. Por isso, deixarei esse ponto em aberto para uma futura consideração. Na sequência, outro texto é citado: Mateus 26.62-64. Jesus disse ao sumo sacerdote que vereis em breve o Filho do homem assentado à direita do Poder, e vindo sobre as nuvens do céu. Segundo o professor, o texto apenas diz que o sumo sacerdote “veria” o Senhor, mas não diz que ele veria com os olhos CARNAIS.

Na sequência, o professor passa a falar sobre o reinado milenar de Cristo. Como futurista, ele defende que o Reino de Cristo ainda não chegou. Como de costume, ele cita vários pais da igreja que eram pré-milenistas. Ele também afirma que o Amilenismo e o Pós-Milenismo não tinham adeptos durante esse período. Na verdade, essas vertentes ganharam adeptos somente a partir do 4º século por causa de uma “mutação doutrinária”, isto é, um tipo de “contaminação” negativa no pensamento doutrinário. Aqui, ele até cita negativamente o historiador Eusébio de Cesareia.

Para apoiar o futuro reino milenar de Cristo, o professor mescla várias passagens de Apocalipse. Por exemplo, segundo ele, Apocalipse 2.26-27 ensina que Jesus dará aos crentes poder sobre as nações, e isso durante o Milênio. Além disso, Apocalipse 3.21 e 5.10 utiliza uma linguagem própria de um reinado terrestre. O Senhor nos fez “reis”, nos assentaremos com Cristo em Seu trono e reinaremos sobre a Terra.

Mais adiante, o professor argumenta que o Apocalipse trata de profecias ainda futuras. João fala de coisas que hão de acontecer. Se as coisas ainda acontecerão, isso significa que elas ainda não aconteceram. Em seguida, o professor oferece uma explicação muito superficial acerca da expressão “em breve”. Ele afirma que esse é o ponto de vista de Deus, e não o ponto de vista humano. Para Deus, a profecia será “em breve”, pois Deus olha para o tempo de um modo totalmente diferente. Ele encerra o argumento aí e, então, comenta sobre a besta de Apocalipse 13. Mas ele também não explica a identidade da besta. Ele apenas diz: Isso aconteceu? É claro que não!”.

A seguir, o professor defende a tese de que Satanás ainda será preso, o que acontecerá, segundo o pré-milenismo, no início do reinado milenar de Cristo. Seria absurdo pensar que Satanás foi preso no século I (como defende o Preterismo). Afinal, Satanás impediu Paulo de visitar os irmãos de Tessalônica (1Ts 2.18), e o mesmo Paulo disse que não podemos ignorar as armadilhas do inimigo (2Co 2.11). Satanás está solto e muito ativo no mundo.

Para encerrar a aula, o professor aborda a datação do livro de Apocalipse. Obviamente, ele defende uma data tardia para a composição de Apocalipse (90-97 DC). Ele afirma que, se o livro de Apocalipse se cumpriu no ano 70, Deus deveria ter revelado as profecias antes do ano 70, e não na década de 90. Uma das “provas” de que o Apocalipse foi escrito depois do ano 70 é a menção de uma Nova Jerusalém. Segundo ele, a menção da Nova Jerusalém nos mostra que a antiga Jerusalém já tinha sido destruída. Após esse resumo, vamos considerar os argumentos.

Como eu já abordei todos esses argumentos futuristas em vídeos e textos que estão disponíveis no YouTube e no Instagram, eu vou comentar brevemente sobre os argumentos da aula. Primeiramente, Jesus disse que todos os sinais que Ele havia acabado de mencionar ocorreriam naquela geração (Mt 24.34). Logo, temos aqui a chave para interpretar os versículos precedentes. Assim, Mateus 24.29-31 se cumpriu no século I. O verbo "ver", em várias passagens, é uma figura de linguagem que significa "entender", enfatizando a compreensão espiritual (Jo 12.39-40). A Bíblia fala dos "cegos" espirituais e daqueles que tiveram os seus olhos "abertos" espiritualmente para compreender o evangelho da graça (At 26.17-18).

Quanto à palavra "geração", o seu significado é: "a multidão inteira de homens vivendo ao mesmo tempo". Junto com o pronome demonstrativo "esta", Jesus estava se referindo à audiência que estava presente naquele momento ouvindo o Seu discurso profético. Se o alvo fosse alguma geração futura, o Senhor não teria usado a palavra grega "genea". Em relação ao Anticristo, a Bíblia mostra que se trata de um movimento doutrinário herético que nega a encarnação de Cristo; especificamente o Gnosticismo do século I. O Anticristo não é um líder mundial de carne e osso. Não é o homem da iniquidade. Não é a besta. E não é o abominável da desolação. Enfim, não se trata de uma pessoa, embora, é claro, os falsos mestres sejam chamados de "Anticristos" (no plural).

Além do mais, citar um teólogo importante não garante a irrefutabilidade de uma teoria. Quem disse que os pais da igreja sempre acertaram? E que sentido faz citar um futurista para defender o futurismo? Esse argumento não se sustenta, pois, de fato, as profecias eram futuras, mas eram futuras para os habitantes do século I que viveram na iminência dos acontecimentos. Nós, do século XXI, estamos situados APÓS o cumprimento das profecias. Portanto, as profecias se tornaram passado para nós. Não estamos mais no século I.

Em relação ao Milênio, será mesmo que esse período ainda não chegou? Cristo ainda reinará ou Ele já é o Rei soberano de toda a Terra? A expulsão de demônios, por exemplo, foi uma evidência de que Jesus havia trazido o Reino de Deus à Terra (Lc 11.20). Já estamos no Milênio. Cristo é o Rei que reina a partir da destra do Pai nos céus. E somos a geração eleita, designada para a proclamação das virtudes do Rei (1Pe 2.9). Quanto ao "tempo de Deus" na profecia, é evidente que Deus olha para o tempo de maneira diferente. Deus não está limitado ao tempo cronológico, preso a um calendário. Todavia, Deus criou o tempo cronológico e inseriu o Universo e as pessoas dentro desse tempo. Ao revelar as profecias a João, Deus utilizou linguagem humana para que não ficasse dúvidas quanto ao significado da profecia. Aliás, o próprio termo "Apocalipse" significa "Revelação". O Senhor revelou para "mostrar" as coisas que em breve deveriam acontecer (Ap 1.1). Sendo assim, a expressão "em breve", cujo significado é "depressa", indica que os eventos aconteceriam após pouco tempo de espera. Não levaria milhares de anos para acontecer. É por esse motivo que João não deveria selar o livro profético (Ap 22.10).

E quanto à Satanás? Ele está solto ou preso? O professor não se atentou para o propósito da prisão de Satanás: "para não enganar as nações" (Ap 20.3). Isso quer dizer que Satanás não poderá enganar as nações durante o atual período do Milênio. Enquanto isso, o Pai está, progressivamente, entregando as nações como herança para o Seu Filho. Satanás não pode impedir a conversão das nações da Terra. Jamais afirmamos que Satanás não está mais atuando no mundo. Ele é o pai da mentira e continua disseminando tentações, heresias e toda sorte de males. Todavia, ele não é mais o "deus deste século", como o era antes da obra perfeita de Cristo na cruz. Hoje, é o Senhor Jesus quem tem toda autoridade no céu e na Terra (Mt 28.18).

Finalmente, o livro de Apocalipse foi escrito antes de 70 DC. A Nova Jerusalém não é prova de que a Velha Jerusalém tinha sido destruída. Ainda não tinha. Ora, na visão profética, João recebeu a ordem de medir o santuário, o altar e os adoradores (Ap 11.1), o que mostra que o Templo em Jerusalém ainda estava em pleno funcionamento. No entanto, a Jerusalém terrena em breve seria pisada pelos gentios por 42 meses (Ap 11.2). A Nova Jerusalém é uma figura da Nova Aliança que estava sendo trazida aos homens. É uma figura do Evangelho de Jesus. A Nova Jerusalém estava substituindo a Velha Jerusalém, isto é, a Antiga Aliança. Quando João recebeu a visão, esse fato ainda não tinha acontecido. Agora, porém, já aconteceu.

Para encerrar esse texto, eu quero ressaltar um ponto positivo da aula. O professor explicou que há dois tipos de Preterismo: o Parcial e o Completo. Muitos não explicam essa distinção e simplesmente colocam ambos no mesmo pacote "herético". Além disso, também destaco, positivamente, as refutações que o professor fez contra o Preterismo Completo. Por exemplo, Paulo repreendeu o Preterismo Completo de Himeneu e Fileto (2Tm 2.17-18). E quando Lucas disse que "esses dias serão de vingança, para que se cumpram TODAS AS COISAS que estão escritas" (Lc 21.22), o professor disse muito bem que a profecia se refere a todo o conteúdo que diz respeito à Queda de Jerusalém, e não a todo o conteúdo profético do início ao fim do mundo.

Espero que você tenha gostado dessas breves e objetivas considerações. Para um estudo mais detalhado sobre os temas mencionados nesse texto, eu te encorajo a acessar o meu perfil no Instagram ou o meu canal no Youtube (Pensando as Escrituras). Você encontrará vários conteúdos sobre Escatologia Bíblica, em geral, e sobre o Preterismo Parcial e Pós-Milenismo, em particular.

 

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